Trabalho Apresentado FECINA |
CULTIVO E USO DE PLANTAS MEDICINAIS POR MORADORES DO BAIRRO ALDEOTA
Aluna: Helen Chaves Cordeiro de Oliveira
Orientadora: Naiana Cristina Rodrigues dos
Santos
7º ano
RESUMO
Valores
naturais e ecológicos retornam com grande força, na determinação de novos
preceitos, em todas as áreas do conhecimento científico e da vida prática.
Assim, o presente trabalho reporta principais plantas medicinais cultivadas e
utilizadas por moradores do Bairro Aldeota. O estudo foi realizado entre os
meses de julho e setembro de 2014, com entrevistas de 298 moradores entre 12 e
80 anos de idade, que cultivam e utilizam ou já cultivaram e utilizaram plantas
medicinais. Para coleta de dados foi aplicado um questionário semiestruturado
como roteiro complementado por entrevistas livres e conversas informais em que
se buscou obter o cultivo e o uso das plantas medicinais. Como resultado desta
pesquisa, 79% dos moradores cultivam e utilizam plantas medicinais e apenas 21%
não fazem cultivo e nem fazem uso das mesmas. Os resultados revelaram que as
plantas medicinais mais cultivadas e utilizado são: a hortelã, a cidreira, o
capim-santo e a malva, de forma
isolada ou combinada com outras plantas medicinais. A utilização é feita,
principalmente, por moradores que tem o primeiro grau incompleto, para o
tratamento de gripes, utilizando através de chás, xaropes ou lambedores. As
plantas medicinais são adquiridas através de plantações em suas próprias casas, vizinhos,
parentes ou amigos.
APRESENTAÇÃO
A história da utilização de plantas é tão antiga quanto à
história da humanidade. Desde épocas imemoriais os seres humanos utilizam-se
dos recursos naturais para a sua sobrevivência. Construíam suas casas em
harmonia com o clima da região habitada, usando folhas e troncos de árvores, as
quais também lhes forneciam seu meio de transporte.
Na alimentação, já faziam uso dos vegetais, inclusive os
considerados medicinais. Os doentes eram tratados pelos xamãs, pajés e
curandeiros, donos da arte e das ciências da cura. Estes associavam o
conhecimento da flora curativa com a capacidade de comunicação direta com seus
deuses e com os elementos da natureza, agindo desta forma, em duas frentes
contra a doença. Por um lado, tratavam o mal com o remédio que eles conheciam e
preparavam, e por outro, garantiam a ação do preparado ou a cura, através de
sugestionamento do paciente por meio de rituais.
Neste trabalho, além de dar informações sobre o assunto –
cultivo e uso de plantas medicinais por moradores do Bairro Aldeota –
interagimos com os moradores discutindo através de questionários realizados
sobre as plantas medicinais cultivadas e utilizados por eles.
PROBLEMA
- Quantos moradores do Bairro Aldeota cultivam e utilizam plantas medicinais?
JUSTIFICATIVA
Esse trabalho aborda o tema “Cultivo e o uso de plantas
medicinais por moradores do Bairro Aldeota”. Elas são muito cultivadas e
utilizadas pelos moradores em diversas formas, seja por chás, xaropes, entre
outros. As plantas medicinais possuem alto poder curativo, sendo muito
cultivadas e utilizadas pelos nossos antepassados. Nesse projeto pretendemos
repassar algumas informações sobre a cultivação e a utilização das plantas
medicinais em uma apresentação na Feira de Ciências, tanto Escolares como
Municipal.
OBJETIVOS
Geral
- Conhecer as plantas medicinais mais cultivadas e utilizadas por moradores do Bairro Aldeota e assim contribuir para a construção da Política Social da Comunidade Escolar, trazendo informações sobre o cultivo e o uso de plantas medicinais.
Específicos
- Realizar um levantamento de dados sobre as plantas mais utilizadas pelos moradores;
- Criar e fortalecer espaços de debates na escola sobre as pesquisas realizadas;
- Promover a participação dos alunos nos levantamentos da pesquisas;
- Utilizar diversos ambientes com a finalidade educativa e investigativa de ampliar seus conhecimentos, adquirindo prática e experiências no cultivo e no uso de plantas medicinais;
- Apresentar o trabalho na Feira de Ciências da Escola e do Município.
METODOLOGIA
Para a realização deste trabalho foram feitas pesquisas
em livros, revistas, internet, entrevistas semi estruturadas, que consistem em
um roteiro contendo uma lista de questões e tópicos a serem abordados,
cultivaremos em alguns vasos mudas de algumas plantas medicinais, selecionadas
para a apresentação da Feira de Ciências. Produziremos cartazes, panfletos, chá,
xarope ou lambedor, bolos, caderno de receitas contendo algumas informações
sobre as plantas e como usá-las.
A utilização de entrevistas semi estruturadas permite uma
maior compreensão e contextualização do cultivo e do uso das plantas
medicinais, pois as entrevistas foram realizadas por aluno do 7º ano A e B da
EEF Teresa Aragão Serra, aos moradores entre eles os jovens, adultos e idosos do
Bairro Aldeota. As entrevistas que realizaram junto aos moradores não foi objeto
de um único contato, escolhemos o Bairro Aldeota em função do grande número de
alunos morarem naquele bairro e tornarem o publico alvo do trabalho.
RESULTADOS E CONCLUSÕES
Acreditamos
estar desenvolvendo um trabalho potencialmente inclusivo, pois as divergências
entre o conhecimento da escola e o conhecimento do público que a frequenta vêm
provocando, entre outras coisas, o distanciamento entre a escola e a
comunidade, e sabemos que para oferecer ensino de qualidade necessitamos nos
integrar. Uma das formas que vêm fazendo com que alcancemos bons resultados é a
valorização dos saberes populares, o que dentro da disciplina de Ciências pode
ser realizado no trabalho do conhecimento das plantas medicinais. Nesse
contexto, os alunos puderam observar que a escola poderia oferecer mais do que
o ensino formal e que, uma vez na escola, o aluno poderá também desenvolver-se
por meio de atividades de pesquisa que colaborem com uma formação cidadã.
Neste
contexto, pode-se destacar que a pesquisa voltada para o campo das plantas
medicinais é eficiente para comprovar suas ações mediante usos populares.
Entendemos que este trabalho se insere e
contribui para a implementação da EEF Teresa Aragão Serra, uma vez que traça um
perfil social, que possivelmente abrange o Bairro Aldeota; relacionar os
recursos naturais cultivados e utilizados por moradores; aponta detalhes
suficientes para se iniciar uma investigação e documentar o saber popular acerca
dessas plantas possibilitando propor projetos no sentido do desenvolvimento de plantas
medicinais.
Neste trabalho, adotamos
também o método de coleta de dados, através de questionário semi estruturado,
para verificarmos o cultivo e uso
de plantas
medicinais mais utilizadas por moradores do Bairro Aldeota. Como
resultado desse nosso trabalho foi citadas no total 10 plantas medicinais
cultivadas e utilizadas, com prevalências variando de 2% a 21% (Tabela 1).
Tabela
01: Prevalência de uso (%) das
principais plantas medicinais utilizadas pelos moradores do Bairro Aldeota.
Nome Popular
|
Nome
Científico
|
Prevalência de Uso (%)
|
hortelã
erva
cidreira
capim-santo
malva
mastruz
boldo
camomila
romã
corama
babosa
|
Menthapiperita
Melissa
officinalis
Cymbopogoncitratus
Malva sylvestris
Coronopusdidymus
Coleusbarbatus
Matricariachamomilla
Punica granatum
Bryophyllumpinnatum
Aloe vera
|
21%
15%
13%
12%
10%
8%
7%
6%
5%
2%
|
No
primeiro item da pesquisa, realizada com 298 moradores do Bairro
Aldeota, foi perguntado qual (is) plantas
medicinais era(m) utilizado(s) por
eles. Pode-se verificar que a maioria dos moradores cultiva e utiliza a hortelã (Menthapiperita) de forma isolada ou combinada, com
prevalência de uso de 21% (Figura
01).
Figura
01: Principais plantas
medicinais mais cultivadas e utilizadas por moradores do Bairro Aldeota.
Em um dos itens da
pesquisa, realizada com 298 moradores do Bairro Aldeota, foi perguntado qual o principal meio de
aquisição de plantas medicinais para preparação dos remédios. Como resultado, pode-se verificar que o
principal meio de aquisição de plantas, pelos moradores entrevistados, dá-se por meio de plantações
feitas em suas próprias casas (32%),
seguido de parentes (30%),
vizinhos (20%) e amigos18%. (Figuras 2)
Figura 02: Formas de aquisição de plantas medicinais por moradores
do Bairro Aldeota.
No que se refere aos
dados sócio-demográfico, quanto à escolaridade dos entrevistados, foi observado que 59% dos usuários de plantas
medicinais têm o 1º grau
incompleto, 23% são
analfabetos e 18%
têm o segundo grau completo.
(Figura 03).
Figura
03: Escolaridade dos moradores
consumidores de plantas medicinais.
Na
figura 04 está ilustrada a relação de doenças (em porcentagem) para as quais as plantas medicinais são mais comumente empregadas. Pode-se observar que a maioria dos entrevistados utiliza as
plantas medicinais quando há gripe (43%).
Figura 04: Relação de doenças (em porcentagem) para as quais
as plantas medicinais são mais comumente empregadas.
Na Tabela 02 consta a
relação de enfermidades para as quais as plantas medicinais são mais comumente empregadas
por moradores do Bairro Aldeota, formas de uso e partes da planta utilizada.
Pode-se observar que foram relatadas 13 enfermidades tratadas com plantas
medicinais, entre elas estão: gripe, tosse, dores estomacais, cólicas
menstruais, dores de cabeça, inflamações, calmantes, pressão alta, piolho, dores
musculares, tontura, sinusite e cólicas infantis.
Enfermidade
|
Parte
da planta
|
Planta
utilizada
|
Forma
de uso
|
gripe, tosse
|
Folhas, fruto, semente
|
hortelã, erva cidreira, capim-Santo, malva,
romã, mastruz
|
chá, xarope, lambedor, banho, infusão
|
dores estomacais
|
folha, semente
|
boldo,
erva cidreira
|
Chá
|
cólicas menstruais
|
folha
|
camomila, hortelã
|
Chá
|
dores de cabeça
|
folha, semente
|
capim-santo, erva doce, hortelã
|
chá, compressa
|
inflamações
|
caule, folha, casca
|
ameixa, mastruz, malva, romã
|
inalação, infusão, chá, xarope
|
calmantes
|
folha
|
capim-santo, erva cidreira, camomila
|
Chá
|
pressão alta
|
folha
|
capim-santo, camomila
|
Chá
|
piolho, dores musculares
|
folha
|
babosa
|
compressa, pomada e suco
|
Tontura
|
folha
|
hortelã, erva cidreira
|
Chá
|
sinusite
|
folha
|
cidreira, hortelã, malva
|
banho, chá
|
cólicas infantis
|
folha
|
hortelã
|
Chá
|
Como verificado na Figura
05, a maioria dos
moradores
do Bairro Aldeota entrevistados afirmaram que o uso do remédio feito com
plantas medicinais trouxe resultados satisfatórios (82%) para saúde desses moradores.
Figura 05: Grau de satisfação com o cultivo e a
utilização de plantas medicinais pelos moradores do Bairro Aldeota.
Em se tratando de como é
feita à plantação por parte dos moradores do Bairro Aldeota, na Figura 06
mostra que 42% cultivam com estrumo, 33% com adubo, com areia 13% e com a terra
12%.
Figura
06: Como é feita à
plantação das plantas medicinais por moradores do Bairro Aldeota.
Para mostrar como são plantadas as plantas medicinais, na
Figura 07 mostra que os moradores do Bairro Aldeota plantam na maioria das
vezes em quintal 65%, canteiro 23%, vaso 5% e horta 2%.
Figura 07: Onde é feita a plantação por moradores do
Bairro Aldeota.
Os resultados apresentados neste trabalho confirmam que a
maioria dos moradores do Bairro Aldeota são usuários de planta medicinai e se
dedicamao cultivo das mesmas, têm o primeiro grau incompleto, utilizam plantas
medicinais adquiridas em plantações caseiras e afirmam que os remédios
preparados por eles apresentam resultados satisfatório para saúde. Dentre as
plantas medicinais mais empregadas estãoà hortelã, a cidreira, o capim-santo e
a malva, teve maior prevalência, sendo as plantas medicinais mais cultivadas para
o consumo próprio, para curar gripes, tosses, cólicas, dores de cabeça e inflamações.
A pesquisa aqui
realizada tem grande relevância não só para os moradores do Bairro Aldeota como
também para o aluno do 7º ano A e B da EEF Teresa Aragão Serra e também para
toda a sociedade, pois, é inaceitável que a sabedoria popular não seja
valorizada pelas novas gerações. Além disso, é relevante enfatizar a necessidade
de um maior domínio desse saber, a fim de poder cultivar e usaras plantas
medicinais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
SOUSA, F. C.; OLIVEIRA, E. N. A.;
SANTOS, D. C.; OLIVEIRA, F. A. A.; MORI, E.; Uso de plantas medicinais
(fitoterápicos) por mulheres da cidade de Icó-Ce, revista de biologia e
farmácia, Volume 05-Número 01, 2011.
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