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Aluno (a): __________________________________ N°:____
Ano: ____Turma:
Turno: Data: ___/____/2013
Professor(a): ___________________________
Nota:
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AVALIAÇÃO DE LITERATURA
TEXTO: MEU IDEAL
SERIA ESCREVER... – Rubem Braga
Meu ideal seria
escrever uma história tão engraçada que aquela moça que está naquela casa
cinzenta quando lesse minha história no jornal risse, risse tanto que chegasse
a chorar e dissesse – “ai meu Deus, que história mais engraçada!” E então a
contasse para a cozinheira e telefonasse para duas ou três amigas para
contar a história; e todos a quem ela contasse rissem muito e ficassem
alegremente espantados de vê-la tão alegre. Ah, que minha história fosse como
um raio de sol, irresistivelmente louro, quente, vivo, em sua vida de moça reclusa
(que não sai de casa), enlutada (profundamente triste), doente. Que ela
mesma ficasse admirada ouvindo o próprio riso, e depois repetisse para si
própria – “mas essa história é mesmo muito engraçada!”
Que um casal que estivesse em casa
mal-humorado, o marido bastante aborrecido com a mulher, a mulher bastante
irritada como o marido, que esse casal também fosse atingido pela minha história.
O marido a leria e começaria a rir, o que aumentaria a irritação da mulher. Mas
depois que esta, apesar de sua má-vontade, tomasse conhecimento da história,
ela também risse muito, e ficassem os dois rindo sem poder olhar um para o
outro sem rir mais; e que um, ouvindo aquele riso do outro, se lembrasse do
alegre tempo de namoro, e reencontrassem os dois a alegria perdida de estarem
juntos.
Que nas cadeias, nos
hospitais, em todas as salas de espera, a minha história chegasse – e tão
fascinante de graça, tão irresistível, tão colorida e tão pura que todos
limpassem seu coração com lágrimas de alegria; que o comissário
((autoridade policial) do distrito (divisão territorial em que se exerce
autoridade administrativa, judicial, fiscal ou policial), depois de ler minha
história, mandasse soltar aqueles bêbados e também aquelas pobres mulheres
colhidas na calçada e lhes dissesse – “por favor, se comportem, que diabo! Eu
não gosto de prender ninguém!” E que assim todos tratassem melhor seus
empregados, seus dependentes e seus semelhantes em alegre e espontânea
homenagem à minha história.
E que ela aos poucos se espalhasse
pelo mundo e fosse contada de mil maneiras, e fosse atribuída a um persa
(habitante da antiga Pérsia, atual Irã), na Nigéria (país da África), a
um australiano, em Dublin (capital da Irlanda), a um japonês, em Chicago
– mas que em todas as línguas ela guardasse a sua frescura, a sua pureza, o seu
encanto surpreendente; e que no fundo de uma aldeia da China, um chinês muito
pobre, muito sábio e muito velho dissesse: “Nunca ouvi uma história assim tão
engraçada e tão boa em toda a minha vida; valeu a pena ter vivido até hoje para
ouvi-la; essa história não pode ter sido inventada por nenhum homem, foi com
certeza algum anjo tagarela que a contou aos ouvidos de um santo que dormia, e
que ele pensou que já estivesse morto; sim, deve ser uma história do céu que se
filtrou (introduziu-se lentamente em) por acaso até nosso conhecimento;
é divina.”
E quando todos me
perguntassem – “mas de onde é que você tirou essa história?” – eu responderia
que ela não é minha, que eu a ouvi por acaso na rua, de um desconhecido que a
contava a outro desconhecido, e que por sinal começara a contar assim: “Ontem
ouvi um sujeito contar uma história...”
E eu esconderia
completamente a humilde verdade: que eu inventei toda a minha história em um só
segundo, quando pensei na tristeza daquela moça que está doente, que sempre
está doente e sempre está de luto e sozinha naquela pequena casa cinzenta de
meu bairro.
INTERPRETAÇÃO
DO TEXTO
01) Por que o autor deseja escrever uma história
engraçada?
02) Por que ele diz que a moça tem uma casa cinzenta, e
não verde, azul ou amarela?
03) Ao descrever um raio de sol, o autor lhe atribui
características que, de certa forma, se opõem às da moça. Cite algumas dessas
características opostas.
04) Como você interpretaria a oração “que todos limpassem
seu coração com lágrimas de alegria”?
05) O autor sonha em tornar mais felizes e sensíveis
apenas as pessoas de seu país? Justifique.
06) Relacione as colunas conforme as reações das pessoas
diante da história:
(a) moça triste ( ) libertaria os
detentos, dizendo-lhes para se comportarem, pois não gostava de
prender ninguém
(b) amigas da moça triste ( )
sentir-se-ia tão feliz que se lembraria do alegre tempo de namoro
(c) casal mal-humorado ( ) ficariam
espantadas com a alegria repentina da moça
(d) comissário do distrito ( )
concluiria que teria valido a pena viver tanto, só para ouvir uma história tão
engraçada
(e) sábio chinês ( ) ficaria feliz e
contaria a história para a cozinheira e as amigas
07) Por que o autor não contaria aos outros que havia
inventado a história engraçada para alegrar a moça triste e doente? Copie a
alternativa correta:
(a) porque, na verdade, a moça triste não existia
(b) por que ele mesmo não achava a história engraçada
(c) por modéstia e humildade
(d) porque não acreditariam que ele fosse capaz de
inventar aquela história
08) Afinal, que história Rubem Braga inventou para
alegrar e comover tantas pessoas?
09) Na sua opinião, o que mais sensibiliza as pessoas:
histórias engraçadas ou dramáticas? Justifique.
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